segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O Silêncio dos Covardes

Leitura Bíblica: Atos 18:9-11

“Certa noite o Senhor falou a Paulo em visão: “Não tenha medo,continue falando e não fique calado, pois estou com você, e ninguém vai lhe fazer mal ou feri-lo, porque tenho muita gente nesta cidade”. Assim Paulo ficou ali durante um ano e meio ensinando-lhes a palavra de Deus.”

Há um dito que circula entre os evangélicos que diz com muita propriedade: “O silêncio de um crente é igual ao silêncio de mil crentes, já do barulho não se pode dizer o mesmo!”. Se os crentes ficam em silêncio, quietos em seu cantinho, não são notados, não fazem diferença. 26 milhões de evangélicos (o número cresce em época de eleição) que não evangelizam, não clamam não se indignam com o pecado, não protestam pela santidade, é o mesmo de serem apenas um único e enfraquecido cristão. Quando clamam e proclamam, então fazem diferença! É por isso que sofremos todo tipo de pressão para de algum modo silenciarmos e deixarmos de evangelizar.

Ao olharmos ao redor, vemos que a sociedade se organiza para silenciar a pregação do Evangelho. Para citar apenas exemplos em nossa legislação, temos, entre outros, a Lei do Terceiro Setor que diz que as organizações da sociedade civil de interesse público não podem ser religiosas; o Estatuto das Cidades que ameaça as igrejas de precisarem da aprovação da maioria dos moradores de uma localidade para construir um templo; o Estatuto do Índio que virtualmente obsta que o cidadão nativo mude de religião; as leis contra discriminação usadas para impedir que a igreja pregue contra o pecado; a lei da indisciplina que ameaça os cristãos que corrigem seus filhos conforme a Bíblia. Neste cenário de opressão, o texto que estamos examinando nos traz ânimo e orientação.
1. O que o texto diz?
Paulo está em sua segunda viagem missionária, que fez entre 49 e 52 dC. Ele vem de frutíferas, mas conturbadas estadias em Filipos, Tessalônica, Bereia e Atenas. De Atenas, mui provavelmente desce ao Pireus e navegando ou caminhando pelo litoral chega à orgulhosa Corinto. Reconstruida poucos anos antes é agora o mais importante centro de comércio e indústria da região, capital da Acaia, nova província romana. Paulo procura ali seu sindicato profissional, une-se a ele e começa a trabalhar e a pregar o Evangelho. Não tarda a enfrentar a oposição de grupos que desejavam silenciar. Podemos identificar, neste texto, três grupos a lhe fazerem oposição:
1.1. O grupo religioso (v. 6, 12). Formado pelos judeus reunidos em comunidades exclusivas em cada cidade por onde passava, este grupo resistia à dinâmica da fé, procurando preservar não a doutrina, mas a religiosidade criada em torno dela. Atacava Paulo com muitos insultos e fez uma oposição organizada para levá-lo à justiça e dessa forma silenciá-lo.
1.2. O grupo mundano (v. 4, 6). Paulo ser refere a ele como gregos ou gentios. A passagem que lemos não explicita nenhuma oposição por parte deles, mas a carta de Corinto toda mostra a rejeição, opressão e intenção de silenciar o Evangelho de Paulo, por uma sociedade que vivia no conforto e na abastança, luxuriosa e auto-indulgente, que resistia para não abandonar o pecado.
1.3. O grupo oficial (v.14-17). Este grupo representado por Gálio, procônsul da Acaia, irmão do célebre filósofo Sêneca, e seus lictores (guardas do tribunal) também pretende manter o status quo, não dando importância, nem protegendo nem atacando na disputa entre Paulo e os judeus. Embora o espancamento a Sóstenes, chefe da sinagoga (provavelmente no lugar de Crispo agora convertido v.7) tenha sido, quase com certeza, perpetrado pelos guardas do tribunal contra a resistência dele em se retirar, a atitude impassível de Gálio mostra que ele não se importaria se Paulo fosse aniquilado pelos judeus.
2. O que o texto quer?
O objetivo essencial deste texto é, indiscutivelmente, que Paulo deixe de lado o medo que poderia silenciá-lo, e continue pregando. Objetivo que é alcançado, já que Paulo continua ali por pelo menos mais um ano e meio. Para alcançar esse objetivo, Deus garante a Paulo que nada lhe sucederá, e de fato, depois, mesmo tendo sido levado ao proconsul, nada aconteceu a Paulo ainda. Mas seria um erro pensar que essa proteção foi resultado de algo que Paulo era ou fazia, porque sendo o mesmo homem e cumprindo o mesmo ministério, em outros momentos ele passou fome, frio, sofreu açoites e por fim foi assassinado pelo império romano. Os motivos da proteção que Paulo teria naquele momento são outros. Ele seria poupado naquela circunstância:
2.1. Por quem Deus é – “pois eu estou com você”
2.2. Pelo que Deus faz - “tenho muita gente nessa cidade”
Dessa forma, a vitória sobre o medo em outros momentos da vida de Paulo não pôde estar fundamentada na promessa de ser poupado, porque isso era circunstancial. Paulo precisou vencer o medo que silencia e insistir em pregar, mesmo quando sofria espancamento e privações.
3. O que você vai fazer?
3.1. O mundo se organiza para silenciar você e impedi-lo de pregar o verdadeiro Evangelho:
a) Oposição religiosa: Doutrinas novidadeiras surgem a todo o momento fazendo com que o Evangelho original seja diminuido e calado. Uma igreja modernizada, comprometida com a psicanálise e com outras explicações apócrifas para o pecado impede a verdade bíblica. O ecumenismo, baseado na comunhão sobre grandes similaridades não essenciais, ainda que no essencial haja incompatibilidade, intimida e bloqueia a mensagem pura e incontaminada do Evangelho.
b) Oposição mundana: A visão científica, conhecimento de menor importância do que a fé, é mais valorizado por nossa sociedade, e a igreja silencia a pregação genuína quando a ciência a classifica de não científica. A tensão que a Igreja sofre para atrair o homem pós-moderno, seu medo de não cativá-lo, faz com que se dobre aos seus caprixos, silenciando a mensagem que o desagrada. A visão humanista que faz a Igreja e Deus servirem ao homem, seus direitos e vontades, também silencia a pregação de um Evangelho onde o homem é propriedade de Deus, inútil e condenado, salvo apenas pela graça e amor de Deus.
c) Oposição oficial: Leis que interferem na pregação do Evangelho continuarão a ser planejadas e aprovadas por uma sociedade cada vez mais anti-bíblica, em um insistente movimento de tenaz, sufocando a voz dos pregadores. O Estado será cada vez mais parcial, punindo o evangelizador quando fala contra o pecado, e premiando o pecador quando fala contra o Evangelho. Falar contra o pecado é discriminação, mas falar contra o Evangelho é liberdade de expressão. Quem pode confiar em um Estado que age assim? Um Estado que garante a liberdade para a imoralidade e ameaça a liberdade dos que querem viver em santidade?
3.2. A oposição gera medo. Quando muitas forças se levantam contra o pregador o medo surge, como surgiria para Paulo. Boa coisa é não ter nada a perder. Não tendo nem mesmo a própria vida por preciosa, ficaremos livres do medo e pregaremos tudo o que devemos pregar. Essa foi a solução que Paulo encontrou quando era avisado de que prisões e sofrimentos o aguardavam: “Todavia, não me importo, nem considero a minha vida de valor algum para mim mesmo, se tão somente puder terminar a corrida e completar o ministério que o Senhor Jesus me confiou, de testemunhar do evangelho da graça de Deus.” At 20:24. Mas nós teremos medo quando:
a) Recearmos perder a subsistência: A perspectiva de passar fome, não ter onde morar ou socorrer-se emudece!
b) Recearmos perder a segurança: Colocar a própria vida em risco de prisão ou de morte, ou a dos familiares, muda nosso dircurso.
c) Recearmos perder as amizades: A ameaça de ficar isolado, solitário, sem apoio, perder o amigo, molda nossas palavras.
d) Recearmos perder o status: Ser desprezado, ignorado, perder privilégios, faz com que se pense duas vezes antes de falar.
e) Recearmos perder nossos sonhos: Perder oportunidades, não poder realizar coisas que muito se deseja, cria um nó na garganta.
Sabendo disso, tome hoje uma decisão firme e imutável de vencer o medo e continuar a pregar o Evangelho vivo e puro do Senhor Jesus. E nessa decisão, eu quero alentar você com um pensamento que achei muito significativo: “Coragem não é a ausência do medo, mas a consciência de que há coisas muito mais importantes do que temer!”.
Deixe que a maravilhosa voz de Deus ecoe em seus ouvidos “Não tenha medo, continue falando e não fique calado”, seja muito mais importante em sua vida do que o temor de perder qualquer coisa, até a própria vida. Deixe que os covardes fiquem em silêncio, mas você continue falando, “Pois Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio.” (2Tm 1:7)
Vamos fazer a nossa parte nesse desafio para a glória e honra do nome bendito de Jesus, pois devemos compreender que Ele nos chamou para fazer a diferença nessa terra e em nossa geração.

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DIZEM AS MÁS LINGUAS.

Há uma história atribuída ao filósofo grego Sócrates, que quero compartilhar com o leitor: “Na Grécia antiga, Sócrates (469-399AC) era um mestre reconhecido por sua sabedoria. Certo dia, o grande filósofo se encontrou com um conhecido, que lhe disse: Sócrates, sabe o que acabo de ouvir sobre um de seus alunos? Um momento, respondeu Sócrates. Antes de me dizer, gostaria que você passasse por um pequeno teste. Chama-se ”Teste dos três filtros”. Três filtros? Sim, continuou Sócrates. Antes de me contar o que quer que seja sobre meu aluno, é bom pensar um pouco e filtrar o que vai me dizer.
O primeiro filtro é o da Verdade. Você está completamente seguro de que o que me vai dizer é verdade? Bem, não… Acabo de saber neste mesmo instante… Então, você quer me contar sem saber se é verdade?
Vamos ao segundo filtro, que é o da Bondade. Quer me contar algo de bom sobre meu aluno? Não, pelo contrário… Então, interrompeu Sócrates, quer me contar algo de ruim sobre ele que não sabe se é verdade?
Bem, você pode ainda passar no teste, pois ainda resta o terceiro filtro, o da Utilidade. O que quer me contar vai ser útil para mim? Acho que não muito…Portanto, concluiu Sócrates, se o que você quer me contar pode não ser verdade, pode não ser bom e pode não ser útil, para que contar?
Se os três filtros de Sócrates fossem observados sempre, imagine a quantidade de amizades que seriam preservadas, de casamentos que não seriam destruídos, de reputações que não seriam destroçadas. Infelizmente há um prurido no ser humano para falar (mal) de outros. Você já deve ter ouvido o chavão: “dizem as más línguas…”. Ora se são más as tais línguas, porque a minha própria reproduzirá o que elas disseram, tornando-se igualmente má?
A língua continua sendo um fogo devorador, de efeitos devastadores, como escreveu Tiago, um mundo de iniqüidade, um mal incontrolável, cheio de veneno mortífero. Há algo que alimenta o vício de falar mal de outros: os consumidores de fofoca. É como o tráfico de drogas, só há traficante porque há usuários. Assim também aquele que espalha o mal sobre os outros, sem sequer saber se é verdade e pelo simples prazer em falar mal, é um traficante de destruição, que tem consumidor. Tolo, se o sujeito fala mal de outros para você, falará mal de você para os outros.
Quero começar a observar os tais três filtros, tanto no que vou dizer, como no que vou ouvir. Se for verdade, terá também que ser dito por bondade e, ainda assim, terá de ser útil. Caso não se saiba se é verdade, ou passar longe da bondade e não for útil para alguém, se não servir para edificação, não quero falar e também não quero ouvir.
Pedro, o apóstolo, aconselha o seguinte: “Pois, quem quiser amar a vida e ver dias felizes, guarde a sua língua do mal e os seus lábios de palavras enganosas. Afaste-se do mal e faça o bem; busque e siga a paz.
Se os filtros de Sócrates e o conselho de Pedro fossem observados, muitos casamentos, amizades e comunidades permaneceriam íntegras e o mundo seria mais pacífico, um lugar melhor para se viver. Quando alguém chegar para você e disser: “dizem as más línguas” e seus olhos brilharem e você ficar atiçado para ouvir, lembre-se dos filtros e não compactue com a maldade das tais línguas. Façamos assim e seremos homens de Deus que não tenha de que se envergonhar e maneja bem a palavra da verdade.

Em Cristo Pr. Carlos Nelson.